segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Vila Independência é um pedaço do Japão em Bauru

Delimitada pelas ruas Felicíssimo Antônio Pereira e avenida Castelo Branco, a Vila Independência tem diferentes aspectos culturais


Daniele Fernandes
Mariana Cajado
Marina Debrino

Thábata Lima


Sede da Igreja Tenrikyo em Bauru fica bem no centro da Independência
(Foto: Daniele Fernandes)
 

Imigrantes japoneses, em busca de condições favoráveis para suas plantações, encontraram nas abundantes águas do córrego Água do Sobrado um lugar ideal para se instalarem, segundo historiadores. Em 1931, tem início a fundação da Vila Independência. Tradicional na cidade, o bairro residencial se mantém autônomo com a economia estruturada no comércio. A população local tem acesso a escolas públicas, postos de saúde, e vibra com o Indepa, o tradicional time de futebol amador do bairro e a recém criada Escola de Samba da Vila Independência. "O pessoal gosta e a molecada mais nova é bem entrosada nessas coisas", afirma Fernanda Arieta, presidente da Associação de Moradores do bairro. Ela conta que a entidade promove cursos profissionalizantes, aulas de ginástica, capoeira e festas para a comunidade – sendo o baile da terceira idade, realizado semanalmente há mais de 30 anos, o mais conhecido e frequentado.

 
Inscrições em japonês na entrada da Igreja Tenrikyo (Foto: Daniele Fernandes)

 
Mesmo com o desenvolvimento do bairro, a cultura japonesa não se perdeu. Mostra-se presente em restaurantes, comércios e, principalmente, na religião. A Sede Brasileira do Templo Tenrikyo foi construída em Bauru com o esforço e dedicação dos seus fiéis no ano de 1951. O terreno foi cedido pelo reverendo Chujiru Otake, superintendente do missionamento no Brasil. Todas os templos têm sua estrutura construída em direção à sede mundial que fica na cidade de Tenri, no Japão.
 
 
Missionário Almir Massuda segue a religião desde o seu nascimento. Ele explica que a Tenrikyo está aberta a todos, e não só à comunidade japonesa (Foto: Daniele Fernandes)

 
O missionário Almir Massuda conta que a religião não descende de outras e foi originada a partir dos ensinamentos recebidos de Deus por Miki Nakayama, chamada de Oyassama ou Grande Mãe, que viveu uma vida considerada modelo por 50 anos. Os seguidores acreditam no Deus Parens, o qual engloba as figuras paterna e materna. Massuda explica a crença num retorno do espírito e não na morte da maneira ocidental, sendo o corpo físico emprestado para a evolução do ser. "Precisamos rezar para limpar as poeiras espirituais, ou seja, sentimentos e atos ruins, que nos impedem de sermos felizes", completa. De acordo com ele, os ensinamentos pregam que, para o crescimento espiritual, deve-se seguir a vida modelo de Oyassama sempre buscando fazer o bem ao próximo. Ele também destaca que é essencial o culto aos antepassados, à Grande Mãe e ao Deus Parens, além de acreditar que os problemas são consequências de más ações e devem ser encarados a fim de se evoluir.

 

Jardim oriental que representa um pouco do Japão no bairro (Foto: Daniele Fernandes)
 
 
"Nós realizamos orações diárias, às seis da manhã e da tarde e, em todo segundo domingo do mês, fazemos uma grande celebração da qual todos os dirigentes e fiéis dos outros templos participam", conta Massuda, destacando que qualquer pessoa pode se tornar um missionário, mas para isso deve passar por processos de aprendizados sobre os ensinamentos e dogmas e ir ao Japão para completar a formação.

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