Gabriel Andrade
Lívia Reginato
Na foto, "Seu Mário" - um ícone da comunidade - vende verduras fresquinhas a Dino, morador do bairro há 36 anos (Foto: Lívia Reginato)
A horta comunitária do Geisel existe há 33 anos e é a primeira horta comunitária de Bauru. Um tesouro dessa comunidade que mantém as mesas verdes com produtos orgânicos, colhidos na hora e com o preço muito abaixo dos preços de mercado.
Mário Passeto, "Seu Mário", com 84 anos de idade, terá 22 anos cuidando da horta em novembro deste ano. Os moradores são unânimes: "Todo mundo conhece o Seu Mário, ele planta tudo com amor" – conta uma moradora. O senhor exibe uma saúde que muitos jovens invejariam, é outro benefício da horta: proporcionar uma atividade terapêutica e saudável aos aposentados do bairro.
Ao som dos passarinhos, Seu Mário nos conta que os canteiros são divididos entre os aposentados e que, há 30 anos, a divisão era feita por famílias, porém essa forma de organização mudou recentemente. Para ele, estar em contato com a terra é uma terapia que ajuda a manter corpo e mente com saúde, já que na juventude era agricultor e sempre passou a vida mexendo com a terra.
"Já trabalhei em fazenda e nunca mandaram eu voltar para trás, porque eu sabia o que eu fazia, eu levantava cedo de madrugada ia buscar vaca no pasto, era sempre corrido viu, já plantei café, mamona, milho, eu fazia tudo, eu sei como é que faz até hoje", relembra Seu Mário.
Ele conheceu a horta quando se mudou para o bairro e comprava verduras lá. Percebeu que os canteiros estavam precisando de cuidados e passou a ajudar. Sua rotina diária, desde então, começa ás 6h da manhã e segue até as 11h, o horário de seu merecido almoço.
Com saúde de jovem, dá sua lição para se chegar assim aos 84 anos: "Não pode fazer muita extravagância, nunca perdi uma noite de sono, até hoje 5h da manhã eu acordo, sem despertador". Ele ainda aconselha dormir bem, não beber ou fumar e nem comer demais (Foto: Lívia Reginato)
Dino de Matos, morador do bairro há 34 anos, fala sobre a horta: "Faz, mais ou menos, uns 8 anos que eu compro aqui. A importância da horta para o bairro é a qualidade e preço, para você ver, eu compro 1 ou 2 reais, e compro almeirão, cheiro-verde, outra verdura qualquer que se você for na feira ou no mercado é o triplo do preço. Então, a horta para os moradores é super importante, mesmo porque a gente vê o cuidado que eles têm, como eles zelam, como eles fazem... E também tem até o fator nutritivo, temos uma alimentação melhor". Dino faz questão de frisar: "Se não tivesse ela, para mim e para o bairro seria mais difícil ter uma alimentação mais saudável". Comprar na horta, é, segundo ele, um hábito de família: "Quando não é eu que venho, é meu pai ou meu irmão".
Selma, moradora do bairro, comenta: "Todos os bairros deveriam ter uma dessa, outro dia veio uma mulher do Vista Alegre comprar aqui, porque lá não tem" (Foto: Lívia Reginato)
Selma Armati, que mora na rua de baixo da horta, diz: "É muito importante porque aqui é tudo sem agrotóxico, tudo limpinho, eu venho direto e compro pouquinho, para vir buscar dia sim, dia não" e "é muito boa essa horta, faz 36 anos que eu moro aqui". Ela brinca: "O seu Mário é o que o mais trabalha", ao que seu Mário rebate: "Eu não sou melhor que os outros não, eu só faço com amor". "É muito bom, gente! Sempre verdura fresquinha, sempre bonita!", a moradora festeja com um sorriso ao exibir na mão um grande ramo de almeirão.
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