quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Revitalização no Centro

Habilidade no corpo / rima na ponta da língua /
spray de tinta na mão // Hip Hop faz espaço do centro
ser cultura e educação //


Bianca Moreira
Giovana Murça
Pedro Maziero
Wesley Anjos

DJ, Graffit, MC e Breaking: os quatro elementos do hip hop brilham na antiga estação (Foto: Bianca Moreira)


No dia 16 de agosto, organizadores, rappers, breakers, a frente feminina de hip hop e grafiteiros se reuniram na antiga estação ferroviária para dar o toque final ao espaço que seria inaugurado na semana seguinte: a Casa do Hip Hop de Bauru. Mesmo antes de sua abertura, quem passou por lá, seja para ajudar, cantar, dançar ou assistir ao evento, pôde conferir várias atrações que serviram de prévia das atividades que hoje já estão acontecendo nesse espaço cultural. Entre as apresentações, destacaram-se a do grupo de rap Fábrica 13, do grupo de dança Bauru Breakers Crew e a instalação da biblioteca móvel Quinto Elemento.


O belo artístico do Hip Hop traz a crítica ao sistema e às desigualdades sociais  (Foto: Bianca Moreira)


A escolha do espaço que sediaria a Casa do Hip Hop não foi feita à toa: somou-se a reivindicação dos grupos articuladores do hip hop em Bauru à necessidade da prefeitura de revitalizar um espaço público que se encontrava marginalizado. A antiga estação ferroviária localiza-se no centro da cidade, um dos bairros mais antigos. Sua inauguração foi em 1906, com a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Em 1996, a Noroeste deixou de transportar passageiros e o espaço ficou abandonado. Em 2010, a estação foi comprada pela prefeitura, mas continuou ocupada por moradores de rua e usuários de drogas.


Exploração da música traz crítica social após luta pela conquista do espaço (Foto: Bianca Moreira)


Por trás dessa inauguração, há uma luta de mais de 20 anos. A agente de cultura Jaqueline Gomes conta essa história: "todos esses anos, a administração sempre apoiou o hip hop, e como até hoje a gente tem metas e tem projetos, a gente sabe o quanto é importante esse trabalho junto às pessoas que não têm acesso a tanta música. Então, o quanto é importante esse nicho, essas pessoas, esses bboys, esses rappers, esses grafiteiros, o quanto é importante eles estarem nesse espaço".


Paredes da antiga estação ganham vida e revelam as raízes da arte urbana. (Foto: Bianca Moreira)


A realidade apontada pela frente feminina de hip hop de Bauru já mostra outra perspectiva: "Na verdade, não há incentivo governamental, é mais nosso, do próprio movimento. A gente faz, a gente quer, então a gente vai atrás. O espaço foi liberado com muita luta", assegura Luana Nayara, integrante da frente, ao explicar a importância do espaço: "É pra vizinhança, pro filho do 'mano' que está ali, pra mostrar a sua dança, o seu grafite. O Hip Hop prega pra gente o sentimento. Ele agrega para nós muita história. Quando a gente conhece o Hip Hop aqui, conhece esse espaço cultural que vai oferecer outro mundo, trazer muito conhecimento".


Beatriz Benedito, Jéssica Nascimento e Luana Nayara representam a Frente Feminina de Hip Hop
(Foto: Bianca Moreira)


A Frente Feminina de Bauru de Hip Hop surgiu em 2012 em uma conversa informal, contando, ainda em 2013, já com 13 membros, que buscam a representatividade feminina no meio do Hip Hop. Segundo MC Maloca, as mulheres são bem recebidas no meio, admiradas por sua coragem para estar lá: “Vai ter uns perrê que vai tentar te barrar daquilo que você quer, mas se você ter coragem e ser forte, mano, é cara e coragem: se você prosseguir, já era”. 


“Não só no rap, como em qualquer gênero de música, qualquer tipo de arte, a mulher é importante”
(Foto: Bianca Moreira)


A Casa do Hip Hop de Bauru não é meramente um espaço de cultura – vai além. Na prestação de serviços à comunidade local, oferece também oportunidades de educação e prática esportiva: desde ensaios de rap, passando por aulas de Kickboxing – prática semelhante ao muay thai – e até mesmo um cursinho pré-vestibular popular, o “Acesso Hip Hop”, que iniciou suas atividades no último dia 08, contemplando vinte e cinco alunos e os preparando para o ingresso na Universidade. Oficinas são, também, frequentemente realizadas, e proporcionam um primeiro contato do jovem com diversas áreas: DJ, produção de vídeo digital e o rap.


Mais do que gingado, breaking é uma linguagem corporal que carrega a história das ruas
(Foto: Bianca Moreira)

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