Habilidade no corpo / rima na ponta da língua /
spray de tinta na
mão // Hip Hop faz espaço do centro
ser cultura e educação //
Giovana Murça
Pedro Maziero
Wesley Anjos

DJ,
Graffit, MC e Breaking: os quatro elementos do hip hop brilham na
antiga estação (Foto:
Bianca Moreira)
No
dia 16 de agosto, organizadores, rappers, breakers, a frente feminina
de hip hop e grafiteiros se reuniram na antiga estação ferroviária
para dar o toque final ao espaço que seria inaugurado na semana
seguinte: a Casa do Hip Hop de Bauru. Mesmo antes de sua abertura,
quem passou por lá, seja para ajudar, cantar, dançar ou assistir ao
evento, pôde conferir várias atrações que serviram de prévia das
atividades que hoje já estão acontecendo nesse espaço cultural.
Entre as apresentações, destacaram-se a do grupo de rap Fábrica
13, do grupo de dança Bauru Breakers Crew e a instalação da
biblioteca móvel Quinto Elemento.

O
belo artístico do Hip Hop traz a crítica ao sistema e às
desigualdades sociais (Foto: Bianca Moreira)
A
escolha do espaço que sediaria a Casa do Hip Hop não foi feita à
toa: somou-se a reivindicação dos grupos articuladores do hip hop
em Bauru à necessidade da prefeitura de revitalizar um espaço
público que se encontrava marginalizado. A antiga estação
ferroviária localiza-se no centro da cidade, um dos bairros mais
antigos. Sua inauguração foi em 1906, com a Estrada de Ferro
Noroeste do Brasil. Em 1996, a Noroeste deixou de transportar
passageiros e o espaço ficou abandonado. Em 2010, a estação foi
comprada pela prefeitura, mas continuou ocupada por moradores de rua
e usuários de drogas.

Exploração
da música traz crítica social após luta pela conquista do espaço
(Foto: Bianca Moreira)
Por
trás dessa inauguração, há uma luta de mais de 20 anos. A agente
de cultura Jaqueline Gomes conta essa história: "todos esses
anos, a administração sempre apoiou o hip hop, e como até hoje a
gente tem metas e tem projetos, a gente sabe o quanto é importante
esse trabalho junto às pessoas que não têm acesso a tanta música.
Então, o quanto é importante esse nicho, essas pessoas, esses
bboys, esses rappers, esses grafiteiros, o quanto é importante eles
estarem nesse espaço".

Paredes
da antiga estação ganham vida e revelam as raízes da arte urbana.
(Foto: Bianca Moreira)
A
realidade apontada pela frente feminina de hip hop de Bauru já
mostra outra perspectiva: "Na verdade, não há incentivo
governamental, é mais nosso, do próprio movimento. A gente faz, a
gente quer, então a gente vai atrás. O espaço foi liberado com
muita luta", assegura Luana Nayara, integrante da frente, ao
explicar a importância do espaço: "É pra vizinhança, pro
filho do 'mano' que está ali, pra mostrar a sua dança, o seu
grafite. O Hip Hop prega pra gente o sentimento. Ele agrega para nós
muita história. Quando a gente conhece o Hip Hop aqui, conhece esse
espaço cultural que vai oferecer outro mundo, trazer muito
conhecimento".

Beatriz
Benedito, Jéssica Nascimento e Luana Nayara representam a Frente
Feminina de Hip Hop
(Foto: Bianca Moreira)
A
Frente Feminina de Bauru de Hip Hop surgiu em 2012 em uma conversa
informal, contando, ainda em 2013, já com 13 membros, que buscam a
representatividade feminina no meio do Hip Hop. Segundo MC Maloca, as
mulheres são bem recebidas no meio, admiradas por sua coragem para
estar lá: “Vai ter uns perrê que vai tentar te barrar daquilo que
você quer, mas se você ter coragem e ser forte, mano, é cara e
coragem: se você prosseguir, já era”.

“Não
só no rap, como em qualquer gênero de música, qualquer tipo de
arte, a mulher é importante”
(Foto: Bianca Moreira)
A
Casa do Hip Hop de Bauru não é meramente um espaço de cultura –
vai além. Na prestação de serviços à comunidade local, oferece
também oportunidades de educação e prática esportiva: desde
ensaios de rap, passando por aulas de Kickboxing – prática
semelhante ao muay thai – e até mesmo um cursinho pré-vestibular
popular, o “Acesso Hip Hop”, que iniciou suas atividades no
último dia 08, contemplando vinte e cinco alunos e os preparando
para o ingresso na Universidade. Oficinas são, também,
frequentemente realizadas, e proporcionam um primeiro contato do
jovem com diversas áreas: DJ, produção de vídeo digital e o rap.

Mais
do que gingado, breaking é
uma linguagem corporal que carrega a história das ruas
(Foto: Bianca Moreira)
(Foto: Bianca Moreira)
Nenhum comentário:
Postar um comentário