sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Higienópolis e sua vocação para a diversidade cultural


Beatriz de Lima
Gabriella Soares

A dinâmica estrutural da região do Higienópolis, em Bauru, demonstra o respeito que o próprio bairro e seus moradores têm por outras culturas. A diversidade está presente de diversas formas na região, como nas homenagens a povos imigrantes que são consideradas características marcantes do bairro. Dois dos exemplos mais representativos disso são o Edifício Brasil-Portugal e a Praça República do Líbano, que é uma referência às colônias libanesas na cidade de Bauru. Talvez um dos pontos que mais comprovem a vocação do bairro para a diversidade cultural seja o SESC, ou sua programação. A instituição promove diversos eventos que não só colocam em foco outras culturas – regionais ou mundiais – como também estimulam o respeito às mesmas.


Praça do Líbano em homenagem à colônias do país em Bauru (Foto: Éder Azevedo)


A cultura indígena também é uma vertente que está muito presente dentro do Higienópolis. A presença de instituições federais e civis com grande influência no local, como a Funai e a ONG em desenvolvimento ARACI (Associação Renascer o Apoio a Cultura Indígena) proporciona aos indígenas e às questões relativas a eles um crescente protagonismo.

A sede da Administração Executiva Regional da Funai do Oeste Paulista localizou-se durante oito anos no bairro, na rua Xingu. Durante a sua presença no Higienópolis, a Funai tinha grande importância regional. Atendia todo o Estado de São Paulo e até mesmo regiões de estados vizinhos, como Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás.

Em março de 2012, ocorreu uma reestruturação das sedes da Funai no estado e a Administração Regional foi transferida para Itanhaém, no litoral paulista. Bauru ainda conta com uma sede da Funai, mas apenas como uma Coordenadoria Técnica Local, localizada em um prédio público no Centro da cidade.

A Universidade do Sagrado Coração (USC) também fica no bairro e representa um polo educacional e cultural importante em Bauru. A ARACI, organização montada pelo estudante de História da USC, Irineu Nje’a, nasceu da necessidade vista pelo estudante indígena, da etnia Terena, de conscientizar e expandir a cultura dos povos nativos brasileiros no meio educacional. O desenvolvimento da organização se deu com o objetivo de “fortalecer a cultura local, Kaingang, a cultura regional, presente na reserva indígena do Araribá, promover palestras para os alunos de escolas públicas de Bauru, e cursos de capacitação indígena para os professores da rede, promovendo a difusão das culturas indígenas em Bauru e no Brasil”, diz Irineu Nje’a, fundador da ONG.


Irineu N'jea na Praça Kaingang, um tributo aos povos indígenas no Centro de Bauru (Foto: Gabriella Soares)


A ONG ARACI, que agora conta com sede própria na Estação Cultural da antiga estação ferroviária da cidade, destaca o apoio da Secretaria de Cultura de Bauru para a oficialização da ONG e para a concepção de projetos futuros, como a montagem de uma biblioteca voltada à temática indígena.

No mês de agosto inclusive, em comemoração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas (09), um evento educativo trouxe da Reserva Araribá dança e cultura das tribos Terena e Guarani, presentes em Bauru. O evento foi nomeado o Primeiro Agosto Indígena da cidade e a intenção é que seja promovido anualmente.

Ainda neste ano, no dia 25 de setembro, ocorre uma exposição fotográfica organizada pela ARACI na Reserva Araribá. Nesse evento, a fotógrafa Aline Maff retrata o indígena atual e marca a inauguração oficial da organização não governamental. A exposição começa às 20h, e acontece no Centro Cultural da Estação Ferroviária.


Membros da etnia Terena (SP) apresentam a dança do Kipae no evento Agosto Índigena de Bauru
(Foto: ARACI)

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